quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Amém

Acendo uma vela,
fecho meus olhos
e mentalizo uma reza.

Desejo que todo o amor e alegria que me deu,
volte em triplo para você.
Que a coragem e paz que fez surgir em mim
se transformem em luz na sua vida.
Que as pequenas lembranças nossas,
se transformem em sorrisos no seu rosto.

Escrevo seu nome num pedaço de papel,
queimo na chama da vela.
Que a fumaça se transforme em coisas boas e voem até você,
e a cinza seja o passado, que eu consiga jogar fora e esquecer.

Amém


terça-feira, 22 de julho de 2014

Respira

Respira fundo. Abaixa os ombros contraídos, tira a tensão das costas. Respira de novo. Conta até 10. Solta os punho cerrados e amarrados de ódio. Respira, relaxa, tudo passa.

Não se estressa. Pensa num lugar calmo. Ouça uma música que você gosta. Lembre aquele lugar que te dê paz. 

Saia desse furação de um segundo de ódio explosivo que você entrou. Não deixa ele explodir. Respira. Deixa ele passar e ir devastar outro lugar, não a sua vida, não seu momento, não o seu dia. Deixa ele ir pra longe. Respira.

Conta até 10 novamente. Imagina cada número com uma cor diferente: os pares com uma fonte, os impares com outra.

Respira.... Até terminar o texto, tudo já passou... Tá tudo bem, o furação se foi, só não esqueça: respira... 

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Como a gente pega nossa música de volta?

Aí você pensa que ele é O tal e manda aquela música especial para ele, que tem a frase que marcou sua história e dois meses depois ele termina tudo. Como gostar da música depois? Como a melodia de sua banda favorita pode voltar a fazer parte da sua vida?

Engraçado que umas músicas até voltam, a gente nem lembra, porém, tem umas que na primeira batida o coração pára e dá um calafrio na alma, parece que se abre um portal do tempo e te transporta para um passado não muito distante, onde você não foi muito feliz e sofreu mais do que devia.

Será que não tem um jeito de "pegar" a música de volta, ter de volta o que é seu? Me devolve! É meu! Fique com meus presentes, queime minhas cartas, mas, devolva minha música!

Pelo menos, para mim, a solução que encontrei é não dedicar músicas pra mais ninguém, pois, presentes a gente esquece, mas, música não.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Outro dia a felicidade bateu a minha porta, eu com preguiça, não atendi. Hoje ela chegou na minha esquina, e eu pulei nos braços dela.


quinta-feira, 20 de março de 2014

Passageiro

E quando você ia atravessar na minha frente - com a esperança que seus olhos cruzassem com os meus - meu ônibus passou e ocultou sua visão, meu amor platônico e eu viramos passageiros.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Sinais do Carnaval

Tinha na cabeça uma peruca channel azul claro que atraia olhares juntamente com minha meia roxa acima do joelho e meu tênis rosa. Já passavam das 22h, o bloco carnavalesco que saiu da praça Roosevelt cantava a mesma música há mais de 1 hora, sentia dores nas pernas, nos pés e nas costas. Irritada, cansada, preocupada com outras coisas, só pensava em ir embora.

Encostei no muro do Viaduto Major Queridinho - excelente nome - para analisar a vista, respirar, pensar na vida. E se eu me jogasse, teria a sorte de morrer na hora? Porque se for pra me jogar e fracassar, ficar de cama, não quero. Será que atrapalharia muito o trânsito? Será que machucaria algum motorista? O que iriam fazer com minha peruca? Será que o bloco iria parar de tocar essa música infernal? Como será a sensação da queda? O vento no meu rosto e nos meus cabelos artificiais me provocava, me chamava dizendo: vem voar comigo.

Na minha alucinação fechei meus olhos e respirei fundo mas, fui interrompida por um mascarado que disse:

- Você atende pelo nome de Penelope?


Com tantos e tantos nomes no mundo, porque ele disse justo o da minha amiga que se foi há 7 anos? Me arrepiei inteira e depois de ter dito não para ele, tive que conter as lágrimas para não borrar a maquiagem. Ele continuou, brincou se eu atendia como "Pepe" e disse que eu parecia ser uma pessoa legal. Meu desejo no momento era esconder as lágrimas, abraça-lo e agradece-lo, mesmo que ele não entendesse.

O viaduto sumiu para mim, assim como os carros que passavam, meus pensamentos voaram para longe com o vento. Eu tinha que sair dali. Aquilo só me deu mais coragem para seguir em frente, me deu forças, me deu a paz que eu procurava.

Sai antes que o bloco terminasse, deixei meus amigos, medos e o que me consumia por dentro para trás, cheguei em casa e chorei até soluçar.

Neste Carnaval tive que tirar a máscara que anos carregava e de todos os foliões teve um que foi meu queridinho.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

E para completar a lua cheia de ontem, depois de uns 3 anos você me visitou em meus sonhos e eu acordei feliz como há tempos não acontecia. Sinto sua falta, mas, sei que de algum lugar você me protege e ainda acredita em mim, e te agradeço por isso.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Tempestade


Eram 2h30 da manhã e ela não conseguia mais dormir, mesmo depois ter passado as últimas 5 horas arrumando os travesseiros que agora estavam espalhados pelos quatro cantos do quarto depois de um ataque de nervos.

Alguém conversava na avenida e sua voz ecoava pelo quarto, esbanjava felicidade, jogava aquela alegria de viver na cara dela e isso a afundava ainda mais no abismo que havia criado – afundava na tristeza, mas, no colchão não! Estava bem difícil dormir, sem contar o calor infernal que fazia.

Preciso me tratar” – era o pensamento que rolava já depois das 3 horas. Até a respiração da cachorra a irritava. De nada adiantou o colchão novo, o sono não vinha, tinha sido espantado por tantos e tantos pensamentos contraditórios, só tinha uma certeza: “vou acordar irritada”.

Sem emprego, sem namorado, sem muito dinheiro, sem ânimo, sem sonhos – o que devia ser pior de tudo. Havia se demitido, sua paixão platônica estava namorando, a grana já não era muito, mas, o que mais doía era não saber o que fazer.
Para onde ir se tudo é incerteza?

Sentia-se boiando no mar agitado, os pensamentos a engoliam como ondas brutas que jogavam seu corpo de um lado para o outro. Sentia-se sem ar, sem reação, quase se afogando, quase se entregando, estava perdida na água salgada e não sabia nadar.

Fechou os olhos, respirou fundo e rezou para que viesse uma onda e a levasse para a praia, ou para qualquer lugar em que pudesse ficar de pé e estável.

A tempestade tinha dado uma trégua por um momento, seu corpo flutuava no mar calmo, havia adormecido, mas, as nuvens negras ainda estavam no céu, os relâmpagos ainda clareavam seu quarto e seus pensamentos.