quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Tempestade


Eram 2h30 da manhã e ela não conseguia mais dormir, mesmo depois ter passado as últimas 5 horas arrumando os travesseiros que agora estavam espalhados pelos quatro cantos do quarto depois de um ataque de nervos.

Alguém conversava na avenida e sua voz ecoava pelo quarto, esbanjava felicidade, jogava aquela alegria de viver na cara dela e isso a afundava ainda mais no abismo que havia criado – afundava na tristeza, mas, no colchão não! Estava bem difícil dormir, sem contar o calor infernal que fazia.

Preciso me tratar” – era o pensamento que rolava já depois das 3 horas. Até a respiração da cachorra a irritava. De nada adiantou o colchão novo, o sono não vinha, tinha sido espantado por tantos e tantos pensamentos contraditórios, só tinha uma certeza: “vou acordar irritada”.

Sem emprego, sem namorado, sem muito dinheiro, sem ânimo, sem sonhos – o que devia ser pior de tudo. Havia se demitido, sua paixão platônica estava namorando, a grana já não era muito, mas, o que mais doía era não saber o que fazer.
Para onde ir se tudo é incerteza?

Sentia-se boiando no mar agitado, os pensamentos a engoliam como ondas brutas que jogavam seu corpo de um lado para o outro. Sentia-se sem ar, sem reação, quase se afogando, quase se entregando, estava perdida na água salgada e não sabia nadar.

Fechou os olhos, respirou fundo e rezou para que viesse uma onda e a levasse para a praia, ou para qualquer lugar em que pudesse ficar de pé e estável.

A tempestade tinha dado uma trégua por um momento, seu corpo flutuava no mar calmo, havia adormecido, mas, as nuvens negras ainda estavam no céu, os relâmpagos ainda clareavam seu quarto e seus pensamentos.

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