segunda-feira, 21 de maio de 2012

Qual é o momento certo?

* Terça chegando no meu trabalho vi um homem que ia atravessar, mas, parou no meio da rua (sim, no meio), acendeu seu cigarro e continuou andando como se nada tivesse acontecido. Não se importou com os carros, semáforo, pessoas ao redor, com nada; apenas parou, acendeu seu palitinho mágico de tranquilidade e continuou andando. Vi essa cena e sorri, pensei: queria ser como ele - parar num lugar, curtir aquilo que me faz bem e seguir em frente, mas, a gente consegue?

Outro dia estava no ônibus com minha amiga que reclamava dizendo: "tenho 25 anos e não fiz nada da minha vida" - e continuou seu discurso sobre faculdade, emprego, namorados, 30 anos chegando... Confesso que ouvi atentamente o que ela dizia, porém, não conseguia não reparar na senhorinha ao nosso lado que sorria a cada frase dita, será que ela teve a crise dos 25? Será que ela ria da gente, pra gente, ou com a gente? Será que ela parava no meio da rua pra curtir a vida, ou está acomodada como eu?

Estou há 2 anos onde trabalho, e o que mudou de lá pra cá? Nada. Ok,ok, poucas coisas mudaram, detalhes, mas, nada que fizesse a diferença, sinto que estou na zona de conforto, onde sempre estive, na paz, nenhuma novidade. Confesso que não tenho corrido muito atrás, sempre pensei em fazer tantas coisas, porém, quando se vê já é Junho, metade do ano passou e não fiz nada do que tinha planejado; e de futuro, me vejo sentada no ônibus sorrindo pras conversas das mocinhas ao meu redor.

Qual é o momento certo de parar e curtir? De rever o que se fez e o que se fará?

Se eu fumasse, este seria o momento em que pegaria o cigarro em minhas mãos, enrolaria em meus dedos, acenderia o fósforo (pois, o som que ele produz é muito mais legal que de um isqueiro) e começaria a descobrir formas na fumaça que subisse em direção do teto.

Que não nos falte a inspiração, amém.
*

3 comentários:

  1. Quando se está estacionado em um tempo da vida como (eu) parado também no meu trabalho, mas por necessidade, seria mais uma zona de desconforto, porque na verdade gostaria de fazer outra coisa... Mas preciso de $$ e etc...
    Creio que principalmente o trabalho significa muito na produção humana, pois é lá que passamos a maioria do nosso dia, é lá que nossos esforços são pagos e por eles que estudamos... Zona de conforto mesmo só da velhinha que olha vocês, porque ela sim vê que 25 anos é o meio da festa, onde vc curtir mais para chegar ao final suando!
    A vida é grande Ca, ainda mais pra você que não tem o costume de ascender cigarros a fósforos e seu barulho encantado! VÁ... Saia do DESCONFORTO da alma que é a falta de novidade cotidiana!

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  2. Eu li recentemente um texto interessante sobre isso:
    "Nós todos temos bastante trabalho a fazer.
    Trabalho árduo, não: trabalho de prazer.
    Quando o trabalho não lhes der prazer,
    por favor, não se julguem enobrecidos:
    não se sintam como se estivessem fazendo a coisa certa - só porque é difícil.

    Parem no exato momento
    em que uma coisa deixe de lhes dar prazer
    e indaguem: "De que foi que me esqueci?"
    E se estiverem firmes na verdade, a resposta será:
    "Ah, eu já ia me esquecendo que sou Deus!"
    E então hão de pegar essa lembrança
    e de novo integrá-la na experiência humana de vocês
    e voltarão a dançar."

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  3. Carmenzita, deve ser por isso que é tão difícil deixar os vícios: cigarro, whisky (estou começando neste), sexo, Internet... Momentos de prazer desligados da loucura da correria sem sentido em que entramos. Acho que nosso estilo de vida está completamente errado. Corremos para não sabemos onde, inventamos supostas "metas" que supostamente nos deixarão felizes e nos darão prazer e satisfação. Mas a questão, penso, é justamente que estamos buscando demais o tal "prazer" em coisas completamente equivocadas. Acho que devemos buscar mais as coisas simples. Ter mais tempo, menos trabalho. Lembrar do violão descontraído com amigos (sem pressa de contar a hora no relógio 'porque tenho que fazer outra coisa), ler algo por prazer e com tempo, e não porque preciso ler ou me impus ler algo que no me gusta! Papear mais, curtir mais os amigos, a família. Sair para passeios simples e prazerosos, geralmente os mais baratos. Relaxar mais. Meditar. Ficar sem fazer nada, no silêncio. Mas tudo isso parece tão contraditório com nosso "meio ambiente" metropolitano (e de sociedade de consumo), nossa loucura correria sem sentido cotidiana. Bela crônica, parabéns. Fábio Lima.

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